11 de abr. de 2011

Minnuit, Cypress Hill e Deftones - Credicard Hall 04/04/11



Chegando ao Credicard hall, eu me senti em alguma cidade californiana, com low-riders passando com som alto, alguns “thug life”, “chicanos” ou “gangsta rapper”, que perambulavam pelo estacionamento. Era visível diferenciar quem tava lá pra ver o Cypress Hill ou Deftones.
Já dentro do Credicard tava rolando o show de abertura da banda Minnuit, com um som que lembra um pouco o do Incubus.


O show do Cypress Hill tava programado pra começar as 21:30 mas começou as 22h, um pequeno atraso que nem chegou a incomodar quem tava lá. Apesar de curtir o som do Cypress Hill, eu queria mesmo era ver o Deftones. 


Mas não tinha como não curtir o show, já que eles botaram pra fuder na primeira musica com Insane In The Brain. Um dos pontos altos do show foi na música I Wanna Get High, quando o B-Real acendeu o seu baseado, levando a platéia à loucura e fazendo com que o pessoal da pista também acendesse o seu.


Durante o show do Cypress Hill só teve um problema. Tinha muito playboy que tava se sentindo só por que estava em um show de rap (lamentável).

Pra mim, a melhor parte do show foi quando eles tocaram Rock Superstar, na minha opinião a melhor música da banda (um som que marcou a minha juventude). O show acabou as 23:15 e com praticamente 100% de aprovação da galera.


A pista deu uma esvaziada logo após o show do Cypress Hill, só que tinha muita gente no lobby que só entrou pra ver o Deftones.


As 23:40 as luzes se apagam e o Deftones começa mais um show no Brasil (já é o quarto), já lançando duas músicas do CD novo: Diamond Eyes e Rocket Skate. O Chino estava com a garganta muito afiada e seus gritos e urros eram de arrepiar qualquer um.


A banda soube misturar muito bem a sua set list, colando as músicas novas mescladas com as mais antigas. Aposto que ninguém queria que o show acabasse, mas todos não viam a hora de ouvir Back to School, uma das musica que resume o que é ser fã de Deftones. Acabando essa música, a banda saiu e o bis começou logo depois, com Root e 7 Words que é uma das melhores músicas que eu já ouvi!


Ótimo show, tanto do Deftones como do Cypress Hill, com Chino Moreno muito mais maduro e carismático em comparação ao show de 2007 no Via Funchal (eu também fui).

Set List Cypress Hill:
1. Get 'Em Up
2. How I Could Just Kill a Man
3. Armada Latina
4. Latin Lingo
5. Tequila Sunrise
6. Insane in the Brain
7. I Wanna Get High
8. Stoned Is the Way of the Walk
9. Dr. Greenthumb
10. Lick a Shot
11. Ain't going out like that
12. Rock superstar

Set List Deftones:
1. Diamond Eyes
2. Rocket Skates
3. Birthmark
4. Engine No. 9
5. Be Quiet and Drive (Far Away)
6. My Own Summer (Shove It)
7. Around the Fur
8. Digital Bath
9. Knife Prty
10. Hexagram
11. Minerva
12. Bloody Cape
13. You've Seen The Butcher
14. Sextape
15. Risk
16. Change (In the House of Flies)
17. Elite
18. Passenger
19. Back To School (Mini Maggit)
20. Root
21. 7 Words

Texto: Caio Pasin
Fotos: Divulgação 

Nota do editor: As colunas assinadas por terceiros são de total responsabilidade dos mesmos e não refletem necessariamente as opiniões dos membros do UnderKrew.

28 de mar. de 2011

A cidade perfeita de Banksy tem paredes molhadas


“Imagine uma cidade na qual
grafite e arte de rua
não fossem ilegais,
uma cidade onde todos
pudessem desenhar onde
quisessem. Onde toda rua
fosse inundada com um milhão
de cores e pequenas
frases. Imagine uma cidade
dessas e pare
de encostar na parede –
está molhada!”

- Banksy -

22 de mar. de 2011

The Priest They Called Him


Era uma vez um garoto chamado Kurt Cobain e um tiozinho chamado William Burroughs. Separados por nunca terem se conhecido - até se conhecerem -, um criou uma banda influenciada por punk, Pixies e otras cositas más; já o outro gostava de escrever e viajar o mundo a procura de experiências psicotrópicas e venenos e foi um dos escritores mais influentes do movimento beatnik. Dois beats, juventude e sabedoria unindo-se em duas mentes perigosas para distorcer o "feliz" do natal - se é que ele um dia existiu.



Fã da literatura beat e tendo William Burroughs como um "heroi", o guitarrista e o escritor só se encontraram depois da insistência de Kurt e do The Priest They Called Him, história de 1973 na qual Burroughs narrou com sua voz velha e chata para que a guitarra pertubadora de Cobain entrasse posteriormente ao fundo dedilhando Noite Feliz. Isso foi em 1992, dois anos antes da morte do líder do Nirvana enquanto quatro anos ainda restavam para o vovô sinistro.


Vocês sabem quem é na capa?


E essa é a história do raríssimo vinil, depois lançado em CD, sobre o "Sacerdote", um viciado em heroína que busca a redenção na noite de natal ajudando a curar as dores de um garotinho mexicano aleijado com suas "medicinas" e morrendo logo em seguida com a "injeção imaculada", parafraseando o escritor. Simplesmente foda.






18 de mar. de 2011

The Trenches - Animação do universo Sucker Punch


O diretor de 300, Zack Snyder, é considerado um dos mais importantes e visionários cineastas da atualidade.

Em seu novo filme, ele criou todo um universo em Sucker Punch, que conta a história de uma garota a ponto de ser lobotomizada e sua tentativa de escapar do asilo onde está internada, junto com outros internos. Porém, segundo Snyder é, além disso, "o conto de Alice no País das Maravilhas com armas grandes, dragões, bombardeiros B-52 e bordéis".

Este universo acaba de se expandir com o curta de animação The Trenches, desenhada por Ben Hibon. A animação não tem muito sentido para quem não viu o filme, apesar de ser muito bonita, mas faz parte do universo intrínseco na cabeça de quem assistiu (e vale a pena).

10 de mar. de 2011

Fazendo trilha sonora - 'The Album Leaf' e 'El Ten Eleven'

Descobri, meio sem querer, duas bandas muito interessantes - El Ten Eleven e The Album Leaf. Em comum: são californianas, nunca vieram ao Brasil e aparecem mais nas trilhas sonoras de filmes e seriados do que nas rádios.

The Album Leaf é um projeto do músico americano Jimmy LaValle que teve seus primeiros passos em 1999, com o lançamento dos álbuns An Orchestrated Rise to Fall e, em 2001, com o One Day I'll Be on Time. Esses dois primeiros discos já são bastante sensíveis e têm experimentações diferenciadas, como a utilização de ruídos sonoros de ambientes e conversas. O segundo tem um estilo mais chillout, por exemplo a faixa The Sailor. Mas ambos são apenas uma prévia do talento de LaValle. Depois dessas gravações, o músico foi convidado a abrir os shows do Sigur Rós na primeira turnê pelos EUA.

Em 2004, gravou o inspiradíssimo In a Safe Place, na Islândia, onde sua visão musical foi ainda mais desenvolvida. A produção teve um considerável “toque a mais” com a colaboração de três membros do Sigur Rós (inclusive do vocal de Jónsi) e da ex-violinista do Múm, Gyda Valtysdottir. O resultado é minimalismo e melancolia, que parecem ambientar uma espécie de sonho. Window abre delicadamente nossos ouvidos para este sonhar. As poucas letras são boas, remetem a uma tristeza calma, mantida “num lugar seguro”, como na faixa Eastern Glow.

Mais tarde, The Album Leaf lançou Into the Blue Again (2006) e Chorus of Storytellers (2010) - veja o clipe de 'There is a Wind' abaixo. A impressão é de que o projeto amadureceu positivamente. Além disso, tem mais músicas cantadas. Se pesquisar, você também encontra alguns EPs lançados entre um e outro disco.


Falando agora sobre o El Ten Eleven, é um duo também pós-rock, só que mais “alegrinho”. O nome deve ter sido de uma puta viagem deles, porque remete a um avião, o Lockheed L-1011 TriStar. Kristian Dunn e Tim Fogarty fazem um rock instrumental que lembra um pouco Tortoise e Mogwai, consegue ser muito bom tecnicamente sem ser frio. Algumas, especialmente, dão conta da “falta” de letra por dizer muito com bateria, guitarra, baixo, além de uns pedais e loops bem manipulados que dão 'a' incrementada. Chama a minha atenção Every direction is north e Fanshawe, que dá uma sensação de leveza misturada com diversão.

A estreia do duo foi com o álbum El Ten Eleven, em 2004. Três anos depois lançaram o mais caprichado Every Direction is North. Em 2008, veio o terceiro álbum, These Promises are Being Videotaped, com uma cara muito mais eletrônica. Aliás, com uma versão válida de Paronoid Android, do Radiohead. E o quarto (até agora último) álbum de estúdio, It's Still Like a Secret, foi lançado no ano passado. Traz uma das poucas mais dramáticas, Falling.


Eles ficaram um pouco mais conhecidos por causa do documentário Helvetica, que foi justamente onde eu achei esses sons maneiros (rs). A trilha sonora do filme é, em sua maior parte, de músicas do El Ten Eleven, que combinam perfeitamente bem. Gary Hustwit (o diretor) gostou tanto do resultado que o duo acabou fazendo a trilha também de "Objectified" e tudo indica que repetiu a dose em “Urbanized”, que completa a trilogia do documentarista e deve ser lançado neste ano ainda. Assunto para um próximo post...


Trilha Sonora - Helvetica
"Thinking Loudly" - El Ten Eleven
"Lorge" - El Ten Eleven
"Meow" - Motohiro Nakashima
"Helvetica 2" - Kim Hiorthoy
"Every Direction is North" - El Ten Eleven
"Seqy Chords 3" - Sam Prekop
"Central Nervous Piston" - El Ten Eleven
"IPT2" - Battles
"My Only Swerving" - El Ten Eleven
"Helvetica 9" - Kim Hiorthoy
"Tunnel Chrome" - Chicago Underground Quartet
"Seqy Solo" - Sam Prekop
"Bye 2" - El Ten Eleven
"Potala" - Motohiro Nakashima
"3+4” - El Ten Eleven
"Hot Cakes" - El Ten Eleven
"Magic Step" - Sam Prekop
"And Then Patterns" - Four Tet
"Pelican Narrows" - Caribou
"Shine" - The Album Leaf
"Fanshawe" - El Ten Eleven

8 de mar. de 2011

Manda Bala mostra o Brasil que preferimos não ver



Vencedor do prêmio do júri de Melhor Documentário do Festival de Sundance em 2007, Manda Bala mostra de forma crua e didática a ligação da corrupção política com a violência urbana no Brasil.

Dirigido pelo norte-americano de 23 anos, Jason Kohn, o filme começa com uma fazenda de criação de rãs e segue o rastro sujo do dinheiro, mostrando a relação de um político corrupto comparada a de um seqüestrador.

Para isso, traça um perfil de personagens dessa guerra em que nós brasileiros fingimos não ver: um empresário que vive uma constante rotina de seqüestro; o criador de rãs, Diniz; a vítima que teve suas orelhas decepadas num seqüestro, Patrícia; o cirurgião plástico Juarez Avelar, que ganhou renome mundial ao desenvolver técnicas para restituir orelhas decepadas; o assassino e seqüestrador, Magrinho; e o ex-presidente do Senado, Jáder Barbalho (PMDB), que já ocupou quase todos os cargos públicos da política, com exceção apenas da presidência da República, e renunciou depois de escândalos comprovados de desvio de verba.

Manda Bala de longe é um documentário jornalístico ou faz qualquer reflexão do que precisa ser feito. Mas mesmo assim é um ótimo documentário que mostra como apenas um - do time de parlamentares e ex-políticos corruptos - influenciam e desviam bilhões de dólares para benefício próprio do que era pra ser do povo brasileiro. Nomes famosos como Paulo Maluf (PP), José Genoíno (PT), Antonio Palocci (PT), Michel Temer (PMDB), José Dirceu (PT), Delúbio Soares (PT), Fernando Collor (PTB), José Sarney (PMDB) e por aí vai, políticos que continuam recebendo votos da população e sendo impunes pelo governo.

Vale destacar também a trilha sonora, que tem músicas de Baden Powell, Caetano Veloso, Gal Costa, Jorge Ben Jor, Mutantes, Novos Baianos, Tim Maia e Tom Zé, além de outros excelentes nomes da música brasileira.


E por que nós, brasileiros, não sabemos deste documentário? Porque ele foi CENSURADO em pleno governo Lula, que se diz tão democrático e fica passando pano para bandido, como o próprio Barbalho.

Veja o trailer


Assista no Youtube


Ouvi dizer que dá pra baixar AQUI.

4 de mar. de 2011

Vários Artistas - Underground Voices IV


Como todo bom amante de música, um dos meus maiores divertimentos é conhecer artistas novos. Isso vem se tornando cada vez mais fácil graças a internet, onde é possível ter acesso a tudo sem custo, sendo que muitos artistas lançam músicas exclusivas para a web. Em tempos assim, um formato muito utilizado por bandas independentes vem perdendo importância: as coletâneas.

Quando só era possível descobrir novos artistas comprando um álbum próprio e o investimento era arriscado, já que não se conhecia o som da banda, as coletâneas tiveram sua época de ouro, justamente para ajudar nessa descoberta.

Pois bem, peguei uma coletânea para ouvir: a Underground Voices IV, com artistas da Fusa Records. A maioria segue a linha do atual hardcore brasileiro, com algumas variações para o indie, para o ska e para o pop-rock, mas não fugindo muito disto. São todos grupos novos ou que ainda não alcançaram grande público e todos tocam duas faixas, com exceção do Backfield, que abre o disco com Perto de Você, ao estilo de bandas como Granada e Madrid.

Como na maioria das coletâneas, nem tudo é bom, algumas bandas forçam demais a barra, porém também estão presentes alguns destaques positivos, como o Aero, com as faixas Dia 22 e Idéias Ocultas, que tem uma sonoridade que remete ao começo do CPM 22. Além deles, destaque para o Sexy Pato, com um som divertido, com elementos de boogie woogie, rockabilly e rock n' roll desfilando nas faixas Rua Augusta e Micareta Baby.

01 - Backfield - Perto de Você
02 - Aero - Dia 22
03 - Aero - Idéias Ocultas
04 - Fuscazul - Escassez
05 - Fuscazul - Ponto de Partida
06 - Cumpadres - Pra Longe Daqui
07 - Cumpadres - Tchutchucatchucalá
08 - Terceiro Mundo - A Droga Perfeita
09 - Terceiro Mundo - Livre Arbítrio
10 - Grintch - O Tempo
11 - Grintch - Outro Caminho
12 - Os Indolentes - Crime da Sociedade
13 - Os Indolentes - Pré-Julgado
14 - Sexy Pato - Rua Augusta
15 - Sexy Pato - Micareta Baby
16 - Sthep - Vingança
17 - Sthep - Máquina, Ama, Desespero
18 - Hell 'O Bitch - Alguém
19 - Hell 'O Bitch - Ficar Sem Você
20 - Celofane - Larga Mão
21 - Celofane - Cotidiano Racional
22 - Deserdados - Ave César
23 - Deserdados - Nova Ordem Mundial

1 de mar. de 2011

Novo som de Travis Barker com The Transplants e Slash

Com a volta do Blink-182, o bateirista Travis Barker também retomou seu projeto solo e planeja um novo disco, Give The Drummer Some para o meio do ano. O álbum contará com várias participações, como Lil Wayne, Rick Ross, Pharrell Williams, Tom Morello, Snoop Dogg, Busta RhymesCypress Hill, dentre outros.


Uma música que foi liberada se chama Saturday Night, com participação de Tim Armstrong do Rancid e Skinhead Rob, o que reúne os Transplants, além do guitar hero Slash (Velvet Revolver/Guns n' Roses).
Ouça ela aqui.

Site Oficial
Myspace

28 de fev. de 2011

S.O.S. Continua CCPC!



Estão querendo cortar a única perna do Saci do CCPC. O Centro Cultural Popular Consolação é um espaço independente que recebeu diversas expressões artísticas e culturais durante os últimos quatro anos. Do jazz ao forró, muita gente e muita história já passou por suas pistas, primeiro na Consolação, depois transformando o último C em Centro, mudou-se para a General Jardim, no centro de São Paulo.

Agora uma das casas mais undergrounds de São Paulo está no perrengue e precisa da ajuda de todos que são unders de verdade. A missão é resgatar R$10 mil até sábado, para isso as festas vão continuar rolando nesse esquema:

01/03 terça CCPC JAMEIKA DUB,
02/03 quarta DUB encontro de SOUNDS & MCS
03/03 quinta NAZIREU RUPESTRE
04/03 sexta DANCEHALL RAGGA HIP HOP
05/03 sábado SOS CCPC vários SOUNDS & MCS


O CCPC também está aceitando contribuição via depósito bancário, basta mil pessoas doarem R$10 na agência 0429 c/c 61701, banco Itaú. Então contribua para um lugar que sempre foi honesto nos preços da entrada e da breja e sempre teve um som pedrada toda a semana de sua existência.

O CCPC não recebe verbas por fora nem é patrocinado, ele depende da gente pra existir! E ainda assim a entrada será de R$10 na porta e três cervejas por R$10 durante esta semana que pode ser a última.




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Segue abaixo uma entrevista que fiz com o produtor artístico do CCPC, Tiago Barbosa, em 17 de janeiro, explicando um pouco mais sobre o centro cultural:

Underkrew: o que é o centro cultural popular consolação? como funciona?
Tiago Barbosa (CCPC): O Centro Cultural é um espaço independente com atrações musicais. Temos uma programação semanal que atualmente é predominantemente reggae. O CCPC não dispõe de incentivos fiscais nem governamentais, pagamos aluguel, contas e trabalhadores com o que arrecadamos com os eventos.

UK: Quando aconteceu a mudança de endereço e por que o CCPC se mudou?
CCPC: A mudança aconteceu exatamente no dia 16 de agosto de 2010. A mudança foi necessária, pois estávamos num prédio que era alugado e ele foi vendido. Fomos avisados da venda exatamente com 30 dias para a nossa saída, então foi correria. É orgulho dizer que tivemos programação até o domingo, dia 15, que se encerrou às 23h, e no dia seguinte estávamos inaugurando o novo CCPC com o Jazz às 21h. Foi incrível!


UK: Qual foi a melhor e a pior parte de mudar de casa?
CCPC: Puxa, a melhor foi a peneira que rolou. Quando o barco aparenta que vai afundar os ratos são os primeiros a abandonar. E isso foi um alívio, pois eram pessoas, produtores e músicos que apenas usavam o espaço para uma autopromoção, não eram parceiros e não se sentiam parte do espaço. O CCPC sempre se caracterizou como um espaço coletivo, por isso é do jeito que é, pois quando o coletivo não atua fica tudo na minha mão e aí dou conta só de 50% de cada uma das um milhão de coisas.
A pior parte é a saudade, mas amadurecer é isso, é ter lembrança, olhar aquele terreno vazio agora (o prédio foi demolido) e ver que ali nós fizemos história. E “nós” é cada um que foi em uma balada apenas e curtiu o que o CCPC proporcionava, que eu sempre achei diferente das outras baladas que eu raramente freqüento.

UK: Como a casa se sustenta cobrando em média $5 por festa?
CCPC: Vibe, calça justa e camiseta furada, é isso. Os fornecedores são parceiros, a aparelhagem de som, que é alugada pela BKC produções, nós temos uma dívida e estamos sem pagar nenhuma mensalidade desde agosto com a mudança. A gente está todos os dias aqui trabalhando, nenhum dia fechado, até no dia que não tem evento nós estamos aqui arrumando, dando um jeito, melhorando. Eu afino a luz, monto o palco, passo o som... Todos que trabalham aqui estão doando suas vidas pessoais para que consigamos uma média de público necessária para cobrirmos as despesas fixas, as dívidas que adquirimos com a mudança e podermos viver. Estamos na sobrevivência mesmo, dinheiro é pra seguir o dia seguinte.


UK: Qual é a brisa do saci? de onde surgiu o mascote?
CCPC: A brisa é tirar onda mesmo. Esconder coisas, zuar a comunidade virtual de quem usa e deixa aberto aqui, ensinar bagunçando o coreto... Dar nó nas tranças das meninas, ser o que é na vibe, chamando o coletivo. É ter uma programação só com qualidade de quem é artista mesmo e que se identifica e reconhece que é um sopro de sobrevivência da arte real, não do que a mídia empurra guela abaixo da massa. Nós temos nosso público que vem pelo som e não pra fazer pose.
O mascote é o seguinte: um amigo, Ruda Andrade (neto do Oswald) montou um filme chamado Somos todos Sacis, ou seja, a história do saci já vinha de antes do filme. A gente tava sempre com uma garrafa por aí e abríamos de vez em quando pra soltar o saci e zuar a madrugada. Um dos colaboradores foi o Jaime Soares que foi o percussor do CCPC. O nome, o logo e a primeira concepção foi dele. Isso em 2007. Bom, mas aí é outra história.


NÃO VAMOS DEIXAR O UNDERGROUND MORRER!


Fotos: Perfil do Saci no Facebook